A política brasileira vive um momento de intensa polarização, instabilidade e incerteza. O país enfrenta uma grave crise sanitária, econômica e social provocada pela pandemia de Covid-19, que já matou mais de 600 mil pessoas e deixou milhões de desempregados e vulneráveis. Ao mesmo tempo, o cenário eleitoral de 2022 se desenha como uma disputa acirrada entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que representam projetos antagônicos de nação.
Neste artigo, vamos analisar alguns dos principais aspectos da situação política do Brasil, como o papel dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, as forças políticas em jogo, os desafios para a democracia e os direitos humanos, e as perspectivas para o futuro.
O Executivo: Bolsonaro e seu governo
Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 com uma plataforma de combate à corrupção, à violência e ao “comunismo”, apoiado por setores conservadores da sociedade, como os evangélicos, os militares e o agronegócio. No entanto, seu governo tem sido marcado por uma série de polêmicas, escândalos e crises, que têm minado sua popularidade e sua governabilidade.
Entre as principais críticas ao governo Bolsonaro estão:
- A gestão negacionista e irresponsável da pandemia, que ignorou as recomendações científicas, minimizou os riscos da doença, atrasou a compra de vacinas, promoveu tratamentos ineficazes e incentivou aglomerações.
- A política econômica neoliberal e ortodoxa, que priorizou o ajuste fiscal, a privatização de estatais, a reforma da Previdência e a desregulamentação do mercado, em detrimento do investimento público, da proteção social e da geração de emprego e renda.
- A política ambiental antiambientalista e desenvolvimentista, que enfraqueceu os órgãos de fiscalização, reduziu o orçamento para a preservação da natureza, estimulou o desmatamento, as queimadas e a invasão de terras indígenas e quilombolas, e se opôs aos acordos internacionais sobre o clima.
- A política externa isolacionista e ideológica, que rompeu com a tradição diplomática brasileira, alinhou-se aos interesses dos Estados Unidos de Donald Trump, hostilizou países como China, França e Argentina, afastou-se dos blocos regionais como o Mercosul e a Unasul, e perdeu protagonismo e credibilidade no cenário mundial.
- A política de segurança pública autoritária e violenta, que defendeu o armamento da população civil, a flexibilização do porte de armas, o excludente de ilicitude para policiais e militares, a intervenção das Forças Armadas na segurança interna, o endurecimento das penas e a redução da maioridade penal.
- A política educacional obscurantista e privatista, que cortou recursos para a educação pública em todos os níveis, desmontou programas de inclusão e diversidade nas escolas e universidades, tentou impor o projeto Escola sem Partido, interferiu na autonomia das instituições de ensino superior e desvalorizou os professores e os estudantes.
- A política cultural censora e sectária, que atacou artistas, intelectuais e ativistas culturais considerados “de esquerda”, tentou impor uma agenda moralista e religiosa nas manifestações artísticas, cancelou editais, prêmios e eventos culturais financiados pelo Estado